Permita-se





Incrível como tantas coisas acontecem ao nosso redor e não nos damos conta. Ignoramos. Ficamos alheios à infinidade de sensações, sentimentos, percepções, de mudanças físicas e materiais, de como as pessoas são diferentes e parecidas ao mesmo tempo.
         Certo dia, parada no trânsito, me peguei observando as pessoas dentro de seus carros, e tantas outras passando pela rua. Percebi que todas elas, sem exceção passam por algum tipo de situação, boa ou ruim, das quais não imaginamos.
         Tentei observar com mais atenção suas feições, o que poderiam demonstrar, e me surpreendi. Em algumas pessoas era transparente o cansaço, outras demonstravam alegria. Nos veículos, a maioria aparentava ansiedade, pressa, alguns até irritação. Pessoas diferentes, sensações diferentes. Entretanto, uma coisa, todas tinham em comum, fossem os indivíduos dentro de seus veículos ou as que estavam transitando pela rua. Nenhuma delas olhava para o outro. Ninguém percebia que haviam outros indivíduos além de si num mesmo espaço, afinal as atenções estavam voltadas para si, ou para as novidades presentes nesse pequeno aparelho que domina nossas vidas. Quando não estavam passando apressadas umas pelas outras, estavam de olho no celular.
         Isso me causou uma enorme dor no peito, e porque não mencionar, um nó na garganta.
         Tristeza essa por perceber que essas pessoas parecem somente passar pela vida. Existindo neste mundo com o velho “modo automático” ligado. Levantar cedo, ir para o trabalho, almoçar, voltar a trabalhar, uns ir para os estudos (escolas, cursos, faculdades...) outros para casa realizar as tarefas diárias, jantar, dormir, e tudo de novo no dia seguinte.
         Ei... psiu... vamos acordar, porque dessa maneira estamos somente passando pela vida, e chegará a hora em que olhando para trás, será percebido que nada foi feito, e a pergunta “onde foi que me perdi?” ou “o que foi que eu fiz esse tempo todo” ficará martelando de forma extremamente dolorosa em sua mente.
         É necessário termos uma rotina, mas dentro dela há a necessidade de  PERMITIR-SE.
         Isso mesmo. Permita-se olhar para o outro, permita-se perceber como aquela árvore no seu caminho para o trabalho está florida, ou melhor, que há uma árvore no caminho para o seu trabalho. Permita-se ver que há cores nos prédios à sua volta, ou que não há cor nenhuma. Permita-se perceber que há mundos diferentes ao seu redor, mundos que podem e devem ser explorados pela sua imaginação, pela sua curiosidade.
         Enfim, PERMITA-SE VIVER. Porque de que vale passar pela vida sem vivenciar tudo o que ela te oferece.

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